Celebrado em 17 de junho, o Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), chama a atenção para os impactos da degradação dos solos e da escassez hídrica em regiões vulneráveis. No Brasil, o cenário é crítico, especialmente no Semiárido, onde os efeitos da desertificação comprometem ecossistemas, segurança alimentar e a permanência das populações no campo.

Segundo o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS/UFAL), 12,85% do Semiárido brasileiro já está em processo de desertificação, totalizando mais de 126 mil km² — área superior à soma de estados como Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. Ao todo, mais de 1,5 milhão de km² do território nacional apresentam características de áreas suscetíveis à desertificação, afetando diretamente 1.649 municípios. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que essas áreas concentram cerca de 85% da pobreza do país, revelando a dimensão socioeconômica do problema.

A desertificação decorre principalmente do uso inadequado dos recursos naturais, como desmatamento, agricultura intensiva e pecuária extensiva sem manejo sustentável. Essa degradação do solo afeta a fertilidade, a disponibilidade de água e a biodiversidade local. Segundo o Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), mais de 23% da Caatinga já apresenta degradação crítica e severa.

Diante desse cenário, o Programa de Ação Contra a Desertificação, Efeitos da Seca e Revisão dos Planos Estaduais (PROADES), coordenado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e financiado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), atua na revisão dos Planos Estaduais de Combate à Desertificação (PAEs) em dez estados: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Esses planos seguem as diretrizes da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) — tratado internacional estabelecido em 1994, com o objetivo de combater a desertificação, mitigar os efeitos da seca e promover o uso sustentável da terra, especialmente em regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas. O Brasil é signatário da UNCCD e, por meio de ações como o PROADES, cumpre seus compromissos internacionais com o desenvolvimento sustentável.

As ações do programa estão alinhadas também à Agenda 2030 da ONU, com destaque para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 15 (ODS 15) – Vida Terrestre, que trata da proteção dos ecossistemas terrestres e da reversão da degradação ambiental. O PROADES também contribui com os compromissos que o Brasil levará à COP30, reforçando sua atuação no contexto das mudanças climáticas.

Segundo o Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação, a área classificada como semiárida aumentou 160 mil km² nos últimos 20 anos, refletindo os impactos das mudanças climáticas e do uso intensivo da terra. Uma nova zona árida, identificada entre Pernambuco e Bahia, com 6 mil km², ilustra a velocidade dessas transformações.

Neste 17 de junho, o PROADES/UNIVASF reafirma seu compromisso com a construção de soluções coletivas, sustentáveis e integradas para o Semiárido brasileiro. Combater a desertificação é cuidar da terra, proteger as pessoas e garantir o futuro.